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Paula Silveira: Liderança e Representatividade no Naturismo Brasileiro

Atualizado: 11 de mar.

Paula Silveira: De acordo com seu perfil no Instagram: Mãe, Contadora, Naturista e amante da natureza e meio-ambiente. Iniciando uma nova vida minimalista e zero lixo (zero waste). E agora eu acrescento aqui: Reeleita para mais um mandato como presidente da Federação Brasileira de Naturismo.


Paula Siveira, Presidente da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN)
Paula Siveira, Presidente da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN)

Certo, Paula? Tudo bem? Primeiramente, gostaria de dizer que é um grande prazer recebê-la no nosso blog NU BAR para esta entrevista. Estamos honrados por você ter aceitado esse bate papo virtual.


Oi,  Albino, eu que agradeço poder dar essa entrevista pra vocês, também é uma honra pra mim. Sim sou mãe, contadora, naturista, amante da natureza, meio ambiente, tenho tentado uma vida bem minimalista, já há muito tempo. Tentando tirar tudo o que é lixo da nossa vida, seja tanto físico quanto mental. E o naturismo ajuda bastante nisso.


Legal importante também cuidar da saúde mental! Agora quero começar a entrevista falando um pouco sobre sua trajetória, como foi seu primeiro contato com o naturismo até chegar a presidência?


Bom... Eu comecei no Naturismo em 1997 lá na praia do Pinho, em Santa Catarina, onde eu conheci o Naturismo. O fato de estar nu em um ambiente junto com outras pessoas. Só que aí eu descobri que eu fui educada no Naturismo. Meus pais não tinham problema nenhum com vergonha, dentro de casa, ficavam nus, tomávamos banho juntos, até hoje fazemos isso, de meu pai estar tomando banho e eu estou lá conversando com ele, sem problema nenhum. E aí em 2006 eu conheci o YNAI (Young Naturist Association Internacional), que era um grupo pra jovens, só que eu já estava no limite de faixa de idade. Então aí eu fui encaminhada pro NIP, conheci o Paulinat, que era o grupo de São Paulo, e aí depois disso eu fui saber que existia federação, tudo que existia a respeito de naturismo no Brasil. Mas ainda nesse momento eu não quis me envolver muito não, eu era uma naturista de participar dos eventos única e exclusivamente.


E aí quando o Paulinat se encerrou em 2011, nós iniciamos com o SPNAT, e nós éramos poucas pessoas, resolvemos assumir o grupo, com poucas pessoas mesmo, nós éramos em 6 pessoas apenas, então eram pouquíssimas pessoas. Ocorre que de 2011 até 2017 eu fiquei participando do SPNAT acompanhando e me inteirando um pouquinho mais do que era a federação, como era, como agia, os eventos, os outros locais, participando de novos projetos, como foi o caso do Limpa Brasil, lá atras... E depois participar da Pedalada Pelada e assim viemos participando de várias coisas.


Em 2017 eu fui procurada pelo pessoal da federação pra dar uma ajuda na parte legal mesmo da federação porque estavam com o CNPJ bloqueado, tinha uma série de pendências e eu fui ajudar, quando eu fui ajudar falaram: Você não quer participar do conselho maior? Foi aí que eu entrei na federação, eu participei do conselho maior e em 2021 me chamaram pois precisavam de mim na presidência. Pedro e Léo que me chamaram pra fazer parte da presidência e montar uma chapa, eu achava que o Léo queria ser o presidente, mas nesse momento ele disse pra mim que não, e o Pedro Ribeiro também achou que seria o ideal, e eu já vinha fazendo um trabalho junto com o conselho maior e aí resolvi assumir a partir de 2021 e assim, desafios tem muitos, vamos começar por aí.


Muito interessante sua história! Você cresceu em uma família naturista! Mesmo sem saber, rsrsrsr, que incrível! E você enfrentou desafios ou preconceitos no início? Como lidou com eles? E em que momento percebeu que queria se envolver mais a fundo neste movimento?


Bom... vamos lá... preconceito... eu acho que o preconceito já é um desafio, né. O preconceito que você enfrenta dentro do naturismo é quando você fala pra sociedade em geral que você é naturista. Eu falo até que é um pré-conceito. As pessoas entendem que o naturismo tem alguma coisa a ver com a sexualidade, então a partir do momento que eu comecei a falar para os amigos que eu era naturista, vem aquelas tiração de sarro: "Ah, você fica pelada mesmo?" Sempre aquelas baboseira que a gente houve, e as pessoas não entendem, não levam a sério, mas ao explicar as pessoas começam a entender, não é aquela gozação, que é algo sério, algo mais profundo do que simplesmente estar nu.


Esse é o preconceito que a gente enfrenta e o fato de ser mulher, quando você fala que é naturista, os homens entendem que você já está dando cantada. E mesmo sendo solteira não tinha nada a ver com isso. Então esse é o pré-conceito que as mulheres enfrentam no naturismo.


E falando sobre as mulheres. Amanhã, dia 08 de março, será o Dia Internacional da Mulher. E como você percebe a recepção da sociedade para mulheres naturistas? Você já falou um pouco sobre os preconceitos, esses tabus... Mas o que pode ser feito para desmistificar o naturismo feminino?


Bom eu vim de uma família naturista, mas assim, eu não sabia e nem minha família sabia que isso era naturismo, então pra ficar bem claro, ninguém sabia, era mais uma forma mesmo de viver em casa, que a gente tinha e a gente levava isso como natural. Agora o que eu tenho visto desde que eu entrei pro naturismo? Eu tenho percebido cada vez mais adesão de mulheres. Por que? Porque existe um acolhimento das mulheres, existe mulheres participando da diretoria, participando dos conselhos, então em todas as associações nós temos mulheres em alguns cargos nem que seja um auxiliar do presidente, auxiliar de alguém da diretoria, mas sempre temos mulheres trabalhando em conjunto.


Então eu acho que isso tem desmistificado o naturismo pras mulheres, e o que eu falei, a forma de acolhimento, a mulher se sente mais acolhida quando ela encontra outras pessoas, outras iguais, não interessa se são casadas, se são solteiras, elas se sentem o mesmo ambiente. Eu posso te dizer, eu já cheguei a ir em encontro naturista, que só tinha eu de mulher, vou ser bem sincera com você, eu era a única mulher do local. Mas não me destrataram, me respeitaram super bem, não tive problema nenhum, mas assim, não era minha primeira vez, mas se fosse minha primeira vez, talvez eu não teria nem ficado. Então hoje a gente já tem essa dinâmica bem diferente, a gente vê o lado da mulher, e o que pode ser feito, o que a gente pode melhorar pras mulheres.


Então tudo isso a gente tem acompanhado em todos os locais. E eu acho que isso é uma forma de acolhimento. E também mostrar pras mulheres que não é o teu corpo. "Ai eu tenho que estar com o corpo perfeito". Não! O teu corpo é perfeito para você! O seu corpo hoje é a sua história. Então isso é a coisa mais importante. Não existe meu corpo tem que estar bem, é você quem tem que estar bem com o seu corpo, entendeu? É assim que eu penso.


Interessante essa questão da autoestima e autoaceitação. E sobre isso as redes sociais tem ajudado ou atrapalhado?


As redes sociais ajudam porque você mostra aquilo que realmente tem num encontro naturista, e não aquelas coisas de propagandas, resorts, coisas que tem na Europa... Porque o que você mais vê na internet são essas propagandas de locais pra naturismo, mas eles não mostram como realmente é, as pessoas que estão lá, como elas são, então a partir do momento que a pessoa vê que as pessoas são comuns, como ela, no dia-a-dia, corpos de diversos tipos, cicatrizes, diversos tipos de pessoas, tanto homens quanto mulheres. Então as pessoas se aceitam mais, a partir do momento que ela vê que no ambiente tem pessoas como ela.


E que conselho você daria para as mulheres que tem interesse, mas ainda tem receios de experimentar o naturismo?


Só tenho um conselho: Venha, conheça, aproveite e desfrute das pessoas que estão lá e também do ambiente, que também é um ambiente muito saudável. Perca a vergonha, porque vou te dizer, eu fui numa sessão de fotos da Pâmela Facco, e lá tinham N mulheres, mas só eu naturista, e um homem naturista, o resto, todas nunca tinham sequer tirado a roupa na frente de outras pessoas. Eu achei muito legal quando elas viram que o ambiente tinha várias mulheres tinham homens, e todos estavam lá para o mesmo propósito, que era: Poder participar, fazer a foto, independente do corpo ser um corpo bonito, ser um corpo feio, ser gordo, ser magro, ter cicatriz, ou não ter, entendeu. Eu só digo: Venha! Venha conhecer, você vai amar!


Excelentes conselhos Paula! Estou certo de que mulheres de todo o Brasil se inspiram em você e se sentem representadas pelo seu trabalho. Gratidão por ter respondido a entrevista, e espero que nesta nova fase de direção à frente da FBrN você junto com a diretoria alcancem seus objetivos e tenhamos um naturismo cada vez mais inclusivo para todos incluindo as mulheres.


Albino, eu que agradeço muito esse convite, e sabe que você mora no meu coração, gosto muito de você, gosto muito do seu trabalho, e vamos trazer todos pro Naturismo sim!


Gratiluz!

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